Silvia Meira

SÉRIE AZUL

As ambientações emprestadas da natureza e do mundo matérico de Eduardo Garcia, suscitam, em nossa memória, a tentativa de formulação e de estabelecimento de princípios e de idéias sobre o anárquico, na fundição de diferentes oxidações e nas dinâmicas estruturas de cores de sua série. Numa vontade construtiva, Garcia caminha pela superposição de planos contrapondo na ordem puramente visual a razão.

As sensações visuais das apropriações às coisas do mundo, de Garcia, remetem a restos de mar, campos, mapeamento do universo, terrenos baldios, ruas, mostras industriais, que trazem o inteligível: são ecos transportados, que re-compostos formulam , é do tempo que se fala. Acham-se “coisas” que se vêem todos os dias mas que só numa eclosão ganham sentido. Reconstituindo o corpo da tela ele encontra fendas, passagens ocultas, desvela cores, respira e revela o que ficou perdido e sem oposição. O artista se faz na pintura, em um processo aleatório traz suas testemunhas onde o fazer é exclusivamente a sua seriação, seus acasos, seu eco exterior. O abrupto de suas imagens não deixa de trazer o requinte de sua poética, o ressentido do criador. A obra-objeto pintura é o resultado deste esforço, deste embate, e traz as marcas e percalços do esforço e da escuta do interior do próprio criador.

Silvia Meira – Dra. em História da Arte no Século XX
Pesquisadora em Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

Obra da Série Azul, 2007 | Museu de Arte Moderna da Bahia - 1,50x3,60m

SÉRIE AZUL

As ambientações emprestadas da natureza e do mundo matérico de Eduardo Garcia, suscitam, em nossa memória, a tentativa de formulação e de estabelecimento de princípios e de idéias sobre o anárquico, na fundição de diferentes oxidações e nas dinâmicas estruturas de cores de sua série. Numa vontade construtiva, Garcia caminha pela superposição de planos contrapondo na ordem puramente visual a razão.

As sensações visuais das apropriações às coisas do mundo, de Garcia, remetem a restos de mar, campos, mapeamento do universo, terrenos baldios, ruas, mostras industriais, que trazem o inteligível: são ecos transportados, que re-compostos formulam , é do tempo que se fala. Acham-se “coisas” que se vêem todos os dias mas que só numa eclosão ganham sentido. Reconstituindo o corpo da tela ele encontra fendas, passagens ocultas, desvela cores, respira e revela o que ficou perdido e sem oposição. O artista se faz na pintura, em um processo aleatório traz suas testemunhas onde o fazer é exclusivamente a sua seriação, seus acasos, seu eco exterior. O abrupto de suas imagens não deixa de trazer o requinte de sua poética, o ressentido do criador. A obra-objeto pintura é o resultado deste esforço, deste embate, e traz as marcas e percalços do esforço e da escuta do interior do próprio criador.

Silvia Meira – Dra. em História da Arte no Século XX
Pesquisadora em Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

Obra da Série Azul, 2007 | Museu de Arte Moderna da Bahia - 1,50x3,60m